sábado, dezembro 20, 2008

Música da boa #27

Ora cá está uma das minhas canções favoritas de Franz Schubert: Der Zwerg pelo Mestre Dietrich Fischer-Dieskau. Aqui têm uma tradução do texto de Matthäus Kasimir von Collin


O Anão

Na luz sombria já as montanhas se desvanecem,
O barco flutua sobre as ondas suaves do mar,
Com a rainha e o seu anão a bordo.

Ela mira lá no alto a grande abóbada arqueada,
Ao alto a distância azul, impregnada de luz,
Palidamente atravessada pela via láctea.

“Vós estrelas, jamais, jamais me enganaram”,
Assim ela exclama: “Em breve desaparecerei,
como vós me dizeis, tenho porém vontade de morrer.”

Então o anão aproxima-se da rainha, quer atar
o cordão de seda encarnada à volta do pescoço dela,
E chora, como se quisesse que o desgosto o cegasse depressa.

Ele diz: “Tu própria tens culpa desta mágoa,
porque me abandonaste, preferindo o rei.
Agora só a tua morte me pode ainda despertar a alegria.”

«Embora me venha a odiar eternamente, por te ter
dado a morte com esta mão, agora deves, porém,
empalidecer para um túmulo anunciado».

Ela coloca a mão sobre o coração, tão cheio de vida nova,
E os seus olhos derramam lágrimas pesadas,
Querendo elevá-los ao céu em oração.

“Que a minha morte não provoque em ti sofrimento!”
Diz ela; e então o anão beija-lhe as pálidas faces,
Em seguida ela perde os sentidos.

O anão observa a mulher, prisioneira da morte,
Com as próprias mãos ela afunda-a no mar,
Arde o seu coração, cheio de saudades,
Nunca mais em costa alguma ele atracará.

Tradução de Gerlinde Meschenmoser

1 comentário:

escorpiaotinhoso disse...

Venho desejar um bom ano para 2009, cheio de música e ron-rons...